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Alberto Pimenta – Poeta

Alberto Pimenta
Poeta
«RE-PETIÇÃO
Este país gosta tanto de si mesmo que o que mais preza é naturalmente a continuação e, não sendo possível, a repetição: Martim Moniz morreu entalado na porta da cidade, para assim evitar a sua invasão por sarracenos; a melhor maneira de lembrar o seu feito, para quem manda nisto tudo, é entalar os actuais habitantes em contentores, talvez não exactamente do lixo, mas do que consideram luxo.
Desse, ou doutro luxo, só os banqueiros precisam; nós, os outros todos, precisamos apenas de bancos. Entre canteiros de flores. Perdoem-nos o atrevimento. Estamos fora do tempo, perdoem-nos; mas por favor não nos metam em jaulas. Perdoem-nos o incómodo.
Atento e atenciosamente
Alberto Pimenta»
Alexandre Cotovio – Presidente da Direcção da Associação Grupo Gente Nova

Alexandre Cotovio
Presidente da Direcção da Associação Grupo Gente Nova
«Vindo de uma aldeia perto de Tomar, numa altura em que quase não havia turistas e muita gente tinha medo e preconceitos sobre este bairro histórico da nossa cidade, que é a Mouraria, encontrei aqui muitas semelhanças com a vida comunitária de vizinhança que já conhecia e isso surpreendeu-me. Aprendi as dinâmicas e conheci as histórias de todos os que agora fazem parte da minha vida. Conheço todos pelo nome e a todos cumprimento diariamente. São estas as pessoas que vivem e fazem o bairro, mas também a cidade.
Hoje, passados 15 anos, já não é aquele bairro pobre, degradado, mal frequentado e insalubre que tantas vezes de forma tão errada foi apelidado. Hoje é visitado e procurado por muita gente, mas ainda é feito das mesmas gentes: que agradecem as visitas e a atenção merecidas depois de tantos anos esquecidas e ignoradas. Ironicamente, agora a atenção e interesse ameaçam desfazer em meia dúzia de anos o que foi criado por séculos de história.
A alma de um sítio reside nas pessoas e em toda a comunidade que o faz. Retiremos as pessoas, o sentido de pertença, de comunidade e rapidamente, sem darmos conta, perderemos uma identidade, correndo o risco de ser apenas mais uns, mais um sítio qualquer igual a tantos outros. É por viver e vivenciar este bairro que já chamo de meu, que sinto o dever de ter uma opinião e o direito de a dar. Em defesa de mais do que um sítio, das suas gentes. De todos os meus vizinhos, de todas as idades.
A cidade é feita das pessoas que (n)ela vivem, dos bairros e das suas comunidades e deverá ser para elas, quem mantém vivos a alma e o coração desta mesma cidade, que se cuide e se pensem os espaços públicos. É por tudo isto que gostaria de ver a Praça Martim Moniz como um espaço verde para todos nós, incluindo visitantes, e não um espaço cinzento de ferro ou cimento para usufruto e benefício de apenas alguns.»
Alexandre Honrado – Escritor

Alexandre Honrado
Escritor
«Muito mais do que defender um Jardim no Martim Moniz é militar pela causa restauradora de um ambiente capaz de integrar pessoas que aprendam todos os dias a restaurar o ambiente. Não precisamos de um mundo melhor – mas de sermos melhores para o mundo que agredimos.
A floresta de pedra precisa do espaço que cobriu: o verde da essência, do equilíbrio e da superação das nossas diferenças e carências.»
Catarina Molder – Soprano

Catarina Molder
Soprano
«Queremos um jardim na Praça do Martim Moniz, para todos podermos usufruir. Uma praça pública não pode estar à venda, não pode ser concessionada, tem de servir o bem comum da cidade e dos seus habitantes, porque o que for bom para os habitantes é bom também para aqueles que estão de passagem. Queremos oxigénio, queremos verde, queremos um jardim vital num centro da cidade ultra poluído, sufocante e muito ruidoso, vital numa praça que se tornou das praças mais feias, mais mal tratadas e mais mal amadas da cidade de Lisboa! Já chega: queremos um Martim Moniz digno, cuidado, amado e para as pessoas! Queremos um jardim no Martim Moniz, um bem essencial e muito urgente nesta zona!!
Assinado: Catarina Molder, soprano, directora artística, produtora e moradora da cidade de Lisboa»
David Santos/Noiserv – Músico

David Santos/Noiserv
Músico
«Uma cidade é quanto mais nossa, quanto mais consigamos viver dentro dela. Nos últimos anos, Lisboa tem-se tornado cada vez mais “carregada” de trânsito, de barulhos, de poluição e como contraponto é muito importante que nunca nos esqueçamos dos espaços verdes, e da importância que têm para comunhão entre os Lisboetas. Eu apoio um Jardim no Martim Moniz e um projecto colaborativo entre todos, ao invés de um acumular de comércio numa zona já bastante saturada nesse campo. Certamente não faltarão espaços válidos para transpor o projecto comercial para outro lugar.»
Fernanda Fragateiro – Escultora

Fernanda Fragateiro
Escultora
«A Praça Martim Moniz integra um sistema de espaços abertos e faz parte de uma estrutura ecológica urbana da cidade de Lisboa. Pode ser repensado, redesenhado, mas sempre como lugar para estar-junto, livre e aberto a todos.
Lisboa está em transformação e novas lógicas de produção de cidade ganham terreno e são >dominadas pelos sectores económicos ligados ao turismo, ao mercado imobiliário e também à restauração. Mas devemos pensar a cidade como um todo, e não só como um lugar de eventos e de consumo rápido. Queremos ter direito ao espaço, ao vazio, ao silêncio, que fazem parte do vocabulário de uma cidade sustentável.
A proposta para transformar esta Praça no “Mercado de Fusão”, ou seja, num espaço marca e numa mercadoria, não agrada aos moradores. Não queremos ser tratados como puros consumidores, mas como cidadãos que têm direito a participar no processo político de discussão da cidade, onde o desenho, o programa e os usos de superfície dos espaços públicos devem ser definidos pela autarquia, tendo em vista o bem comum, e não o lucro.
A vida, não a mercadoria, é o mais importante numa sociedade emancipada.»
Gracinda Candeias – Artista Plástica

Gracinda Candeias
Artista Plástica
«Querer um jardim no Martim Moniz é uma prioridade para a saúde de todos os cidadãos!
Há cerca de vinte anos a autarquia de Lisboa e o Metro, resolveram reabilitar a zona mais antiga de Lisboa. A empresa Metro, precisou de aumentar a estação e investiu em tornar aquele espaço mais aprazível. Fui convidada para realizar painéis em azulejos e o meu objectivo era iluminar o espaço e contar a história desde o início, atravessando o cruzamento de etnias que até hoje acontece.
Tive o cuidado de escolher uma grafia através de símbolos de apenas três momentos históricos mais antigos e convivessem no mesmo espaço harmoniosamente.
Em 1997, com a inauguração desta zona mais luminosa tudo parecia indicar que iria continuar esta atenção numa zona tão esquecida… Ao falar com alguns residentes relataram o seu contentamento e ficaram com mais esperança… Apesar dos esforços desde os anos 90 a cidade começa a mudar e outros interesses sobrepõem ao bem comum de todos os cidadãos!
Todos podemos ajudar a fazer deste jardim uma Realidade!»
Hélio Morais – Músico
Joana Amaral Dias – Psicóloga
Joana Bértholo – Escritora

Joana Bértholo
Escritora
«Para o ano que vem (2020), Lisboa será Capital Verde Europeia. Pergunto-me o que é que isso significa para os lisboetas, na prática? A distinção é sobretudo um voto de confiança que é dado ao governo da nossa cidade: não a recebemos por Lisboa ser já uma cidade sustentável, adepta da transição para energias renováveis, silenciosa, ciclável, amiga de quem anda a pé, amiga de todas as mobilidades e muito verde, não. Recebemo-la pelo potencial que Lisboa tem para se tornar tudo isto nos próximos anos. Neste contexto, esta escolha que se impõe agora no Martim Moniz, entre um espaço verde ou um centro comercial em contentores, não podia ser mais significativa: que cidade queremos, afinal? A quem serve mais um espaço comercial naquela zona?
Os habitantes do bairro e aqueles que ali trabalham e por ali passam queixam-se da crescente poluição sonora, e do impacto que teve na zona a vaga de turismo. São eles quem pede para ali um jardim, porque sentem a falta que faz um lugar onde se respire, e isso diz-lhes respeito a eles como a todos os lisboetas que usufruem ou não daquele espaço. A cidade tem de se unir para proteger os seus espaços públicos e reclamar por mais espaços verdes. Um jardim no Martim Moniz é simplesmente a Lisboa que queremos e que merecemos.»
José Luís Peixoto – Escritor
Marta Silva | Presidente da Largo Residências

Marta Silva
Presidente da Largo Residências
«O eixo Martim Moniz-Alameda é, sem dúvida, um dos territórios da cidade com maior concentração de movimentos cívico formais e informais.
Como sabemos, estão sediadas nestes territórios inúmeras associações e cooperativas que promovem o trabalho de envolvimento da comunidade e participação, e que exigem participar cada vez mais activamente nos destinos da sua cidade. Por outro lado, o próprio município tem promovido inúmeros processos de desenvolvimento de base local, tanto através de programas como o Bip Zip, como pela criação de dois gabinetes de apoio à intervenção comunitária – Gabip Mouraria entre 2011 e 2013, e o Gabip Almirante Reis entre 2016 e 2019. Nestes processos foram privilegiados os trabalhos em parceria, de co-construção de diagnósticos sociais, desenhos de plano de ações e implementação de actividades.
Por todos estes motivos não faz qualquer sentido, e é até contraditória, a decisão de repetir modelos genéricos de desenvolvimento comercial de ocupação do espaço público, totalmente decididos de cima para baixo, e que reproduzem contextos urbanos que estão longe de ser espaços inovadores ou de uso comunitário.
Quando será, finalmente, dado o voto de confiança às organizações de base local que conhecem cada pedra da calçada, cada vizinho, a diversidade de visões e desejos da comunidade com quem e para quem trabalham há mais de 10 anos?
Escutar não custa.»
Miguel Gonçalves Mendes – Cineasta
Nuno Saraiva – Ilustrador

Nuno Saraiva
Ilustrador
«Corações e Pulmões
Se perante a adversidade uns desistem, outros superam barreiras. Devemos sempre lutar pelo que amamos. E esta observação não vai apenas para os movimentos de cidadania, mas para aqueles em quem votamos num domingo para depois se sentarem nas assembleias e aí semanalmente tomarem decisões pelos milhares de cidadãs e cidadãos. Há um coração que bate nos peitos de cada deputado municipal, em cada vereador um par de pulmões inspira e expira, inspira e expira. E no topo de tudo, um presidente que nos sublinha ter sido eleito por amor, por amar a sua cidade.
No amor, ou melhor, nesta política dos sentidos, aqueles que têm menos medo de arriscar, maiores possibilidades terão de vir a ser lembrados com respeito e admiração. Dentro de poucos anos quero contar esta estória à minha filha, sentados na verde e luzidia relva do Jardim Martim Moniz. E dar nomes aos seus heróis, os lisboetas eleitores e os políticos reeleitos.
Agora vamos para o dia seguinte.»
Pedro Machado – Matemático, Fórum Cidadania Lx
Pedro Saavedra – Actor

Pedro Saavedra
Actor
«O que é um jardim e para que serve? Parece que ainda hoje temos de fazer esta pergunta para tentarmos que cada um à sua maneira encontre uma resposta. Mas acima da pergunta há a certeza que a humanidade não se sustenta longe da natureza que a criou. A humanidade é parte da natureza e a nossa natureza é vivermos uns com os outros, não em lados diferentes de paredes ou atrás de cercas mas vivermos onde as nossas cidades criam espaços abertos onde nos podemos encontrar uns com os outros e connosco próprios. Um jardim é isso mesmo, acima da superfície, no subsolo, em suspensão ou numa estufa de um planeta distante, um jardim é o local aberto onde nos encontramos, e Lisboa e o Martim Moniz precisam disso mesmo, um local aberto onde quem vive e quem visita se veja de frente sem paredes, cercas ou esquinas angulosas no meio. Chega de desculpas, queremos um jardim no Martim Moniz.»
Pilar del Rio – Jornalista
Vítor Rua – Músico e Musicólogo

Vítor Rua
Músico e Musicólogo
«Eu desejo, como Animal que sou, um Jardim no Martim Moniz, pois os animais precisam de Natureza e é nesta onde se harmonizam morficamente com o Universo.
Deixo-vos com um poema de José Saramago, que consegue numa frase descrever o que eu não conseguiria num livro de número infinito de páginas:
“Sublimemos, amor. Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.”»